segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Reencontro I


Tenho participado de muitos seminários e palestras por aqui. Não podemos negar, a capital argentina oferece ótimas discussões, todo o tempo, sobre os mais variados assuntos.
Em uma dessas charlas sobre arte e moda, tive um prazeroso reencontro com as obras de uma grande artista: Sonia Delaunay. Nascida na Ucrânia, Sonia foi uma visionária nos anos 20. Um dos grandes ícones do conceito mode art (arte e moda), levou o cubismo orfico de suas telas para o têxtil. Da música a poesia, várias foram as manifestações que inspiraram a artista em suas obras. Um agrupado completo de cores, formas (ou dissolução delas) e objetos que fizeram reviver minha experiência estética.
Para minha alegria, chove em Buenos Aires. Dias assim são raros, vou para a janela desfrutá-lo.

A Culpa é do Fidel


Algo realmente bom que fiz no final de semana: ver o filme A culpa é do Fidel (La Faute à Fidel!), primeiro filme dirigido por Julie Gavras.
Aos nove anos, Ana é uma pequena dama, até que chegam sua tia e prima fugidas da Espanha, após o assassinato do tio, um militante contra a ditadura de Franco. Seu pai, um espanhol que vive na França, revê seus conceitos políticos com a efervescência política e morte do cunhado. Saí do emprego e começa a atuar como intermediário do movimento para a eleição de Allende no Chile. Sua mãe deixa de escrever para Marie-Clare para escrever um livro sobre o direito feminino a contracepção. Além dessas, muitas outras mudanças acontecem na vida da menina, que em muitos momentos questiona seus pais, deixando-os em dúvida se estão no caminho certo.
O interessante é acompanhar tudo isso sob a óptica infantil, o que o filme consegue com êxito. Você acaba entrando na atmosfera de Ana. Vale a pena ver!

Anh??????

Buenos Aires é repleta de chineses, com seus prósperos negócios. Perto da minha casa, que fica em Palermo, tem três mercados e uma lavanderia, com simpáticos donos de olhinhos puxados (quando digo perto, é perto mesmo, distância de uma quadra).
Sempre vou ao mesmo mercadinho chino, onde o ovo é mais barato, e, algumas vezes, acabo passando pela mesma situação: a dona, uma chinesa que não fala quase nada de espanhol me conta uma história. Em chinês, é claro. Não sei se ela pensa que entendo algo ,até pode ser, pelos meus enganadores olhos puxados, ou precisa desabafar , mesmo que a outra pessoa não entenda. Não faço idéia, nem sei se a história muda cada vez que vou. Então fico alí, ouvindo, durante dois ou três minutos, com cara de alface balançando e dizendo ahan.
Tudo pelo ovo mais barato!

domingo, 30 de agosto de 2009

Mistura Fina

Foto: divulgação

Os argentinos amam Fernet. Para o meu paladar de cervejeira incontestável, a bebida tem gosto de Olina, mas enfim,esse não é o tema do post. Escrevi isso pra dizer que a bebida aqui, misturada com Coca, é realmente tradicional e também para explicar a extraordinária ação de comunicação feita pela Fernet 1882.
A marca instalou 1882 fotos, em tamanho real da atriz argentina Coca Sarli na “Plaza Naciones Unidas” (Plaza de La Flor), gerando surpresa e impacto aos que por ali passavam ou paravam para tomar o habitual mate.
As fotografias da atriz atuam com a Floralis Genérica do arquiteto Eduardo Catalano, causando um belo efeito. A campanha se chama “1882 fernets con Coca Sarli”, e também serviu para homenagear Sarli , que completou 74 anos.
Bela mistura: Fernet + Coca + criatividade dos Hermanos.

Em construção...

Cinco meses sem nada para dizer, ou escrever. Na verdade, não fiquei presa em nenhuma bolha ou algo parecido. Muitas coisas aconteceram, conheci gente, música e alguns personagens, de forma tão desordenada, que não via espaço para tudo aqui.
Na realidade, esse intervalo em meus despretensiosos escritos, foi resultado de uma imersão em pensamentos e inquietudes, há tempos sonolentos dentro de mim. Mas aqui estou, ainda bem que não divulguei muito o blog, assim a credibilidade não foi afetada e permaneço com breves relatos de minha caminhada argentina.
Buenos Aires continua incrível, com suas imensas ruas, ar melancólico (me encanta!) e uma certa dose de soberba. Continuo a mil com o mestrado, seus textos intermináveis e a sensação de que, por mais que estude, não alcançarei os aprofundados conhecimentos teóricos de meus colegas hispanohablantes. Enfim, “a vida não é um morango”.
Bueno, a intenção desse post é retomar minha relação com a escrita não monográfica, e principalmente, registrar o quão importante foi ter ido ao Brasil. Sim, passei o mês de julho e cinco dias de agosto em casa. Pude então reforçar minha teoria, de que a distância fortalece o que sempre foi forte. Vi as pessoas que mais amo, todas com sintomas explícitos de saudade, que confirmaram mais uma vez, que estarão ali ou lá, com o coração aberto na minha volta. Alguns sentimentos foram revirados, mexidos e certamente, repartidos. Agora, mais do que nunca, sei de quem realmente preciso para ser feliz. Voltei com energias renovadas, espírito leve e tive a certeza que é momento de “olhar para dentro” e isso justifica o título acima: estou em construção.
Obs: ando escrevendo com demasiado sentimentalismo. Não posso deixar que isso vire um blog emo.